sexta-feira, 22 de julho de 2011

A PREGAÇÃO SEGUINDO O SERVIÇO

O Casal Jess e Evelyn Brand
com seus filhos

Meus pais foram para a India como missionários,  morando inicialmente num posto na planice. Embora meu pai tivesse estudado para ser construtor, ele e minha mãe fizeram um breve curso preparatório de medicina.
Em pouco tempo  meus pais abriram uma clinica, uma escola e uma igreja cercada por muros de barro. Abriram também um local para abrigar crianças abandonadas -  as tribos da montanha deixavam as crianças indesejadas ao lado da estrada – e algo semelhante a um orfanato logo se formou.
Meus pais eram missionários tradicionais que reagiam a qualquer necessidade humana que encontrassem.  Juntos fundaram nove escolas e uma cadeia de clinicas.
Apesar de todo esse bom trabalho, Jess e Evelyn Brand fracassaram completamente em sua meta de estabelecer uma igreja cristã entre o povo das montanhas. Um sacerdote local que se especializara na adoração de espíritos, sentindo que seus sustentos estavam em risco havia anunciado que quaisquer convertidos a nova religião iriam incorrer na ira dos deuses. Temíamos os perigos físicos e sempre que eu avistava o sacerdote me escondia. Algumas vacas envenenadas sublinharam a ameaça dele, embora meus pais conduzissem os cultos todos os domingos, poucos compareciam, e ninguém ousou tornar-se cristão.
Então, em 1918-1919 uma epidemia de gripe espanhola propagou-se no mundo inteiro, chegando até as Kollis, onde matou com tal fúria que destruiu qualquer sentimento de solidariedade. Em vez de tratar um membro doente até curá-lo, os vizinhos aterrorizados e suas famílias fugiam para a floresta. Meu pai decidiu que, embora abandonadas, muitas das vitimas da gripe estavam morrendo de desnutrição e desidratação, e não da doença em si. Ele colocou uma batela de mingau de arroz num enorme caldeirão preto do lado de fora da nossa casa e durante muitos dias manteve a panela de sopa reabastecida. Ele e minha mãe iam a cavalo até os povoados, dando colheradas de sopa e água pura na boca dos residentes esquecidos. O sacerdote hostil e sua mulher acabaram também doentes. Todos os abandonaram, exceto meus pais, que levavam regularmente alimentos e remédios a casa deles. Cuidado pelos “inimigos”, o sacerdote compreendeu que os havia julgado erroneamente. Ele pediu documentos de adoção. – Meu filho deveria ser o sacerdote depois de mim – contou ele a meu pai , mas ninguém em minha religião importou-se o suficiente para ajudar-me. Quero que meus filhos cresçam como cristãos. Alguns dias mais tarde eu estava na varanda de nossa casa quando vi um garoto de dez anos em lagrimas, atravessando os campos. Ele carregava no colo uma menina febril de onze meses, junto com um pacote de documentos enviados pelo sacerdote. Foi assim que Ruth e seu irmão Aaron se juntaram a nossa família e a igreja em Kolli Malai recebeu seus primeiros membros nativos depois de seis anos de forte resistência.  Do livro, A Dadiva da dor – Phillip Yancey e Paul Brand, Ed Mundo Cristão. Pgs 37 e 38.


Este livro uma das mais maravilhosas obras que li nos últimos anos, é uma autobiografia do médico e missionário Paul Brand, que dedicou a sua vida  ao trabalho de pesquisa e cuidado com pacientes leprosos na India, seu trabalho missionário revolucionou o conceito de tratamento e cura da lepra, além de abrir os olhos do mundo sobre como tratar seres humanos com este tipo de doença. Tudo sob uma perspectiva profundamente amorosa e apaixonada o livro é emocionante do começo ao fim. Na verdade é um profundo tratado sobre o amor e cuidado para com aqueles que foram desprezados e abandonados à própria sorte.
O Dr Paul Brand já falecido, nasceu no campo missionario, e dedicou mais da metade da sua vida servindo ao Senhor entre os piores dos piores. Levou a dignidade e a esperança, mostrando ao mundo resultados surpreendentes de muito trabalho, pesquisa e principalmente muito amor. O tratamento da (Hanseniase) lepra, se divide em antes e depois da vida do Dr Paul Brand. 


Não recebeu o Nobel, mas vai ser coroado no céu, o que fez, fez para receber a recompensa na glória.


Nicacio Moura.


No espaço para comentários deixe o nome da pessoa enferma para oração.





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